quinta-feira, janeiro 31, 2013

Governo prepara Adin contra planos de cargos

Anna Ruth Dantas - Repórter

O Governo do Estado poderá pedir ao Supremo Tribunal Federal a inconstitucionalidade dos planos de cargos carreiras e salários, aprovados em 2010 e que deveriam ser implantados a partir de 2011. O procurador-geral do Estado, Miguel Josino, confirmou que está coletando documentos para ira ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e fazer uma representação que aponte a inconstitucionalidade das leis aprovadas no final do Governo Iberê Ferreira. 
Aldair DantasMiguel Josino afirma que reúne documento para levar ao procurador-geral da República
Miguel Josino afirma que reúne documento para levar ao procurador-geral da República

O principal argumento do Executivo é que os planos não poderiam ter sido sancionados pelo Executivo por não estarem com previsão orçamentária. No total, são 15 planos de cargos e salários aprovados no final da gestão Iberê Ferreira, incluindo órgãos da administração direta e indireta.

O procurador-geral do Estado confirmou que irá ao Ministério Público Federal para que uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) junto ao Supremo Tribunal Federal ganhe mais força. "Há inclusive entendimento do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do Estado de que esses planos são inconstitucionais. Estou coletando toda documentação para marcar audiência com o procurador geral da República", destacou Josino. 

Ele ponderou que o caminho inicial seria o consenso com os sindicatos, mas como não está obtendo sucesso, então a alternativa será o pedido de inconstitucionalidade. O receio do procurador geral do Estado recai sobre as recentes decisões judiais, originadas no Tribunal de Justiça, que concedem aos servidores o direito de terem seus planos de cargos e salários implantados.

"Se não conseguirmos (a declaração da inconstitucionalidade das leis), chegará um momento em que teremos o colapso. O quadro é de dificuldade, é de desespero mesmo", destacou Miguel Josino, afirmando que lamenta o fato do Governo, inclusive ele mesmo, não ter conseguido passar para servidores e a população a situação delicada dos cofres públicos. 

Miguel Josino lembrou que se reuniu com o desembargador Virgílio Macedo e recebeu a informação que diariamente são despachados entre 10 e 15 processos referentes aos planos de cargos. "Há uma possibilidade jurídica de conseguimos a inconstitucionalidade desses projetos", disse.

Ilegalidade argumentada

Logo quando assumiu a gestão, os auxiliares da governadora Rosalba Ciarlini já acenavam para a ilegalidade dos planos de cargos e salários das categorias. Em junho de 2011, o então secretário estadual de Gabinete Civil, Paulo de Tarso Fernandes, chegou a dizer que lei federal determinava "despesas continuadas como são obviamente o pagamento de salários só podem ser implementados, decretados, se forem feitos amplos estudos a respeito da possibilidade de pagamento". 

Naquela época, Paulo de Tarso já acenava para o questionamento da constitucionalidade da lei no Supremo Tribunal Federal. "O projeto da Polícia Civil, por exemplo, chegou à Assembleia Legislativa dia 30, foi aprovado no dia 31 e aprovado no dia primeiro. Então basta essas datas para ver que não se fez estudo de absolutamente nada". 

Em junho de 2011, o procurador geral do Estado Miguel Josino já afirmou que a lei dos planos era um visível desrespeito a Lei de Responsabilidade Fiscal. 

Procuradoria contesta intimação 

A Procuradoria Geral do Estado contesta a decisão do Tribunal de Justiça que intimou a governadora Rosalba Ciarlini por não implantar o plano de cargos e salários. O procurador Miguel Josino observou que em caso de mandado de segurança a intimação deve ser dirigida ao ordenador de despesa, que não é a governadora.

"A governadora é parte ilegítima nesse processo porque ela não ordena a despesa, o mesmo caso ocorre com o secretário de Planejamento Obery Rodrigues", destacou o procurador geral, confirmando que, nesse caso, o ordenador se aplica ao secretário estadual de Administração, Albert Nóbrega. 

Embora a intimação para chefe do Executivo estadual já tenha sido emitida, ela ainda não foi cumprida. A governadora Rosalba Ciarlini durante todo dia de ontem cumpriu agenda administrativa em Brasília. "A orientação da Procuradoria é para que as decisões judiciais sejam cumpridas", destacou Miguel Josino.

Os mandados de segurança foram originados porque o Governo do Estado não cumpriu pelo menos sete decisões do Pleno do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) que determinam a implantação de reajustes salariais para cerca de 15 mil servidores ativos e inativos de vários órgãos do Estado. Em uma destas ações, o Governo recorreu em instância superior, mas não teve êxito. A causa da demanda judicial é a não implantação do Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS) determinada por lei aprovada e sancionada em 2010.

Para não cumprir o que determina o PCCS, o Governo do Estado argumenta que não pode infringir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Ao todo, são 14 ações judiciais de iniciativa de sindicatos de trabalhadores e mais 114 ações coletivas de servidores públicos estaduais em tramitação nas Justiças Comum e do Trabalho. Além desses, há outros processos individuais. 

Sindicalista rejeita tese da ilegalidade

O diretor do Sindicato dos Servidores da Administração Indireta, Santino Arruda, reagiu às declarações do procurador geral do Estado, que sinaliza para o pedido de inconstitucionalidade das leis referentes aos 15 planos de cargos. Segundo o sindicalista, a argumentação do Governo não tem "qualquer fundamento".

"Não acredito que o Governo no terceiro ano de vigência das leis possa ter essa interpretação. São leis (dos planos) complementares estaduais aprovadas pela Assembleia e sancionadas pelo governador da época. O Governo atual já até pagou a primeira parcela do plano geral", disse o diretor do Sinai.

Ele analisou que não há qualquer fundamento para a inconstitucionalidade dos planos. "Não tem nenhum resquício de inconstitucionalidade. Imagino que seja estágio de desespero e desorganização administrativa do Governo", comentou Santino Arruda.

Ele lembrou que os sindicatos tiveram a garantia do Governo de que não seria arguido nenhuma contestação as leis dos planos de cargos. "Foi o próprio procurador geral Miguel Josino que afirmou", disse o diretor do Sinai. Ele lembrou as recentes decisões judiciais do Tribunal de Justiça que garantem a implantação dos planos de cargos carreiras e salários. 

Secretários estão com mandados de prisão suspensos

No dia seguinte a revogação da prisão, os secretários de Planejamento, Obery Rodrigues, e de Administração, Albert Nóbrega, não estiveram nos seus respectivos órgãos. Ontem a tarde, a reportagem da TRIBUNA DO NORTE esteve nas pastas. A informação da secretária de Nóbrega, é que ele não teria ido ainda esta semana "no período da tarde". Já Obery Rodrigues estava em Brasília onde acompanhou a governadora Rosalba Ciarlini em audiências nos ministérios.

Os mandados de prisão dos dois secretários, assinado na última segunda-feira, foram expedidos pelo desembargador Virgílio Macedo em função dos reiterados descumprimentos de decisões judiciais determinando que o Governo do Estado promova o reajuste salarial aos servidores públicos estaduais, segundo prevê o Plano de Cargo, Carreira e Salários, mas que no entendimento do desembargador não vinha sendo cumprido. Mas na última terça-feira as prisões foram revogadas.

quarta-feira, janeiro 30, 2013

Consult: 47,9% da população rejeita Rosalba e 71,7% desaprova governo


A um ano e meio antes das eleições de 2014, surgem os primeiros números para o pleito que vai definir a sucessão da governadora Rosalba Ciarlini (DEM). Segundo o instituto Consult, 80,71% da população ainda não sabe em quem vai votar. Mas, apesar da indefinição, 47,9% afirmam que não votarão na reeleição da democrata. O alto índice de rejeição é confirmado quando a pergunta é sobre a administração democrata. Hoje, 71,7% dos potiguares desaprova a gestão rosalbista.
A pesquisa, feita por iniciativa do próprio instituto, foi realizada entre os dias 25 e 28 de janeiro, e contou com 1,7 mil entrevistas. A metodologia empregada seguiu o método quantitativo. Ao todo, a área de abrangência atingiu as 10 regiões do estado, sendo representado por 58 municípios. Os resultados do levantamento estão sujeitos a um erro máximo de 2,3% para mais ou para menos, com confiabilidade de 95%.
Na pergunta não estimulada, além da indefinição de mais de 80% dos eleitores, outros 4% citaram a vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria (PSB) como a preferida. O ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho (PMDB) surge com 3,18%, seguido pelo prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT) com 2%. A governadora Rosalba Ciarlini (DEM) tem apenas 1,82% e o vice-governador Robinson Faria (PSD) 0,94%.
Quando questionados em quem não votariam para o governo em 2014, a governadora conquista uma liderança folgada. Enquanto 47,9% rejeitam Rosalba, apenas 13,4% dizem não votar de “maneira alguma” na vice-prefeita Wilma de Faria. Em terceiro aparece o deputado federal Henrique Alves (PMDB), com 4,4%, seguido pelo vice-governador Robinson Faria com 3,8%. Garibaldi (3,4%) e Carlos Eduardo (2,4%) completam a lista. As opções “todos” e “não sabe dizer” somaram 26,7%.
A Consult quis saber ainda se os eleitores aprovam ou desaprovam, “de uma maneira geral”, o governo Rosalba. Como foi dito acima, 71,71% foram desfavoráveis a democrata, enquanto apenas 18,53% disseram aprovar o governo. “Sem opinião formada” atingiu 9,76%.

Rosalba seria derrotada por Wilma, Robinson, Garibaldi e Carlos Eduardo
A Consult realizou ainda pesquisa sobre vários cenários de forma estimulada com relação a disputa pelo governo do estado. Em um deles, a vice-prefeita Wilma de Faria lidera com 38,29% dos votos, seguida pelo vice-governador com 17,18%. A governadora Rosalba Ciarlini aparece na terceira posição com 12,88%. Nenhum e não sabe dizer somaram 31%.
No segundo cenário a liderança é do prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT) com 27,35%. Robinson Faria tem 23,53% e Rosalba 14,94%. Nenhum e não sabe dizer atingiram 34%.
Nas opções com a presença do ministro Garibaldi Alves Filho, o peemedebista lidera com 38,24%. A vice-prefeita Wilma de Faria tem 29,82% e Rosalba novamente aparece na terceira posição com apenas 9,53%. Nenhum e não sabe somaram 22%.
Em uma disputa polarizada, Wilma de Faria também venceria a governadora, dessa vez com 46,94%. Rosalba teria 16,12%. Outros 37% não sabem em quem votar. Já no cenário restrito a disputa entre Robinson e Rosalba, o vice-governador sairia vitorioso com 35,76%, enquanto a democrata ficaria com 18,18%. Os indecisos somam 46%.
Se a disputa fosse entre Carlos Eduardo e Rosalba, o prefeito teria 42,82% enquanto a governadora ficaria com 17,53%. Mais de 39% estão entre os indecisos nesse cenário.

Saúde e Segurança pública são os principais problemas
Outro dado revelado pelos números do instituto Consult diz respeito aos maiores problemas do estado. Segundo os eleitores potiguares, as dificuldades enfrentadas na saúde são as mais preocupantes. Mais de 47% dos entrevistados optaram pelo setor, que acabou de sair do estado de calamidade pública, decretado ano passado pela governadora Rosalba Ciarlini.
A segurança pública foi apontada como maior problema por 30,6% da população, enquanto o desemprego aparece como terceira opção, com 12,5%. A seca e o desabastecimento de água teve 9,4% dos votos.
Apenas 5,8% dos eleitores classificaram a educação como o maior problema do Rio Grande do Norte, seguida pelo saneamento básico (3,6%). A falta de moradia teve 0,8% e as estradas 0,6%. “Todos”, “outro” e “não sabe dizer” atingiram 7%.

Maioria da população dá nota zero ao governo Rosalba, diz Consult
No levantamento feito pela pesquisa Consult, os eleitores foram questionados sobre a nota que dariam ao governo Rosalba Ciarlini, de zero a dez. Segundo os números, 34,18% deram nota zero ao governo democrata, enquanto 15,12% optaram pela nota cinco. Ao considerar todos os votos, a nota, em média, atingida pela gestão rosalbista foi de 3,2.
Os eleitores também puderam dar notas para as principais áreas da administração democrata. Na saúde pública, 31,06% também concederam zero ao governo. Outros 15,88% deram nota cinco e 12,76% nota três. A média foi de três.
No quesito educação, o governo saiu do zero. A maioria dos eleitores pesquisados (23,29%) deram nota cinco a administração estadual com relação ao sistema público de ensino. A segunda opção mais votada foi a nota zero, com 17,88%. No final, a nota média foi de 4,2.
Também obteve nota zero, por parte da maioria dos eleitores, a segurança pública potiguar. Ao todo 31,53% deram o valor mínimo nesta área. A nota cinco foi escolhida por 14,35%, enquanto 12,12% deram nota três. A média final foi de 2,8.

Paulo de Tarso: “Avaliação do governo não é boa, mas há tempo para melhorar”
Diretor do instituto Consult, o empresário Paulo de Tarso explica que objetivo da pesquisa foi apontar “a realidade do atual cenário político e administrativo” do Rio Grande do Norte. Sobre os números, reconhece o mal momento da governadora Rosalba Ciarlini, mas ressalta que ainda há tempo para reverter a situação.
“A avaliação do governo não está boa, não é positiva, mas é importante que os membros da gestão não vejam os números como uma crítica, mas como um subsídio, uma prestação de serviço, uma contribuição ao governo”, disse, enfatizando que o levantamento mostra o que a população de cada região do estado pensa sobre os problemas potiguares.
Ao ser questionado se, mesmo com os índices negativos, a governadora teria chances de melhorar sua imagem antes do pleito do próximo ano, Paulo de Tarso disse que “o cenário está aberto. São análises pontuais e de momento. Tanto pode haver a reversão da avaliação como a mudança desse quatro político pesquisado”.
Sobre o objetivo em realizar a pesquisa, que não foi encomendada por ninguém, mas foi feita por iniciativa da própria Consult, o empresário lembrou que o mesmo trabalho foi “feito na disputa pela Prefeitura, quando divulgamos os primeiros números com esta mesma distância para o pleito”, relembra.

Governo deixa de cumprir sete decisões, diz advogado

Roberto Lucena - repórter

O Governo do Estado não cumpriu pelo menos sete decisões do Pleno do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) que determinam a implantação de reajustes salariais para cerca de 15 mil servidores ativos e inativos de vários órgãos do Estado. Em uma destas ações, o Governo recorreu em instância superior, mas não teve êxito. A causa da demanda judicial é a não implantação do Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS) determinada por lei aprovada e sancionada em 2010. Segundo o  Governo, o impacto na folha de pagamento com a implantação dos PCCS será de R$ 144 milhões ao ano.
Júnior SantosManoel Dantas Batista e João Helder Dantas representam judicialmente os servidores
Manoel Dantas Batista e João Helder Dantas representam judicialmente os servidores

Alguns processos que a TRIBUNA DO NORTE teve acesso estão tramitando no TJRN desde março do ano passado e, pelo menos dois deles, vieram à baila essa semana devido ao decreto de prisão de dois secretários estaduais e a intimação da governadora Rosalba Ciarlini. Os advogados Manoel Batista Dantas Neto e João Helder Dantas Cavalcanti são os responsáveis pela defesa dos servidores que buscam o reajuste salarial. "O que estamos presenciando é um desrespeito. Há uma quebra da harmonia e independência dos Poderes. O Governo do Estado se utiliza da má fé para postergar as ordens judiciais", afirmou João Helder.

Os advogados representam servidores do Idiarn, Detran, Administração Direta, Gabinete Civil, Emater, Idema e Fundação José Augusto (FJA). No último caso, o processo já chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Os servidores lotados no órgão querem a aplicação do reajuste salarial descrito na Lei Complementar nº 419, de 31 de março de 2010. O Pleno do TJRN julgou o pedido favorável, porém, em dezembro passado, o Governo recorreu ao STJ. "E mais uma vez o Governo perdeu. O ministro presidente do STJ indeferiu o pedido de suspensão da decisão do Pleno", explicou o advogado Manoel Dantas. A decisão do STJ deverá ser publicada na próxima sexta-feira.

Para não cumprir o que determina  o PCCS, o Governo do Estado argumenta que não pode infringir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Ao todo, são 14 ações judiciais de iniciativa de sindicatos de trabalhadores e mais 114 ações coletivas de servidores públicos estaduais em tramitação nas Justiças Comum e do Trabalho. Além desses, há outros processos individuais. "A LRF é um debate superado e não se aplica nesses casos. O Governo precisa cumprir as ordens judiciais", falou.

O advogado não descarta a possibilidade da governadora sofrer penalidades mais severas. "O processo da FJA foi remetido ao Ministério Público. O MP ou alguma parte do processo pode pedir, por exemplo, a destituição do cargo da governadora. Esse mecanismo é assegurado pela Constituição Estadual", explicou Helder.

Procuradoria do Estado deve recorrer

"Decisão judicial tem de ser cumprida. Nossa orientação técnica é a de que o Governo cumpra o que o Tribunal está decretando. O Poder Judiciário merece nosso respeito". Essa é a resposta do procurador-geral do Estado, Miguel Josino, quando questiono qual será a posição do Governo com relação à intimação que recai sobre a governadora Rosalba Ciarlini, secretário Alber Nóbrega e o presidente do Ipern, José Paiva. "Não podemos desconsiderar uma ordem judicial", enfatizou. O procurador-geral explicou ainda que vai recorrer da decisão imposta pelo TJRN. "Ninguém é dono da verdade absoluta. Vamos estudar o que deve ser feito e os procuradores do Estado que estão em Brasília devem recorrer no STJ [Superior Tribunal de Justiça]", colocou. 

O Estado já sofreu uma derrota no STJ quando, em dezembro do ano passado, o ministro presidente do órgão, Felix Fischer, indeferiu um pedido de suspensão de decisão do Pleno do TJRN determinando a  implantação e pagamento imediato do reajuste nas remunerações e proventos dos servidores da Fundação José Augusto (FJA). A derrota no STJ, segundo Josino, não é um sinalizador de que demais pedidos não possam ser feitos. "Eu escrevi um livro falando sobre o assunto. Um outro ministro pode pensar diferente. Temos casos, no STJ, de um mesmo assunto ter cinco teses diferentes", frisou.

Cláudio Santos determina intimações

A demanda judicial contra o Governo do Estado ganhou novo capítulo na tarde de ontem. O desembargador Cláudio Santos determinou a intimação da governadora do Estado, Rosalba Ciarlini, do titular da secretaria de Estado da Administração e dos Recursos Humanos (Searh), Antônio Alber Nóbrega, e do presidente do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado do Rio Grande do Norte (Ipern), José Marlúcio Diógenes Paiva. O desembargador quer saber porquê o Governo não implantou o aumento determinado pela Lei Complementar nº 438/10, nos vencimentos e proventos de servidores ativos e inativos do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema).

Na decisão, o desembargador alerta para as consequências cíveis e penais que podem recair sobre as autoridades, em virtude do descumprimento de decisão do Pleno do TJRN quanto à questão, inclusive com o envio dos autos para o Ministério Público, o que pode ensejar abertura de processo referente à crime de desobediência.

No despacho, o desembargador determina que sejam intimados, pessoalmente, a governadora e demais autoridades coatoras mencionadas. Em acórdão, o Pleno do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, à unanimidade, rejeitou as preliminares de indeferimento da petição inicial e de ilegitimidade passiva da chefe do Executivo e do presidente do Ipern. Por maioria de votos, os desembargadores determinaram a implantação imediata do reajuste dos vencimentos e proventos no contracheque dos servidoresa, sob pena de multa diária de R$ 500,00, para o caso de descumprimento.

Desembargador suspende prisão de secretários

No início da noite de ontem, o desembargador Virgílio Macêdo Júnior determinou a suspensão do cumprimento dos mandados de prisões expedidos contra os secretários estaduais de Administração e Recursos Humanos, Antônio Alber da Nóbrega e do Planejamento e Finanças, Francisco Obery Rodrigues Júnior. O magistrado deferiu o pedido de cancelamento da ordem de prisão impetrado pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) na noite da última segunda-feira. Os secretários estavam, até a noite de ontem, em local desconhecido.

O decreto da prisão ocorreu devido ao não cumprimento de uma determinação judicial que orientava para o reajuste salarial de 23 servidores da secretaria de Estado da Educação e da Cultura (SEEC).  Na defesa dos gestores, o procurador-geral do Estado, Miguel Josino, esclareceu que a determinação havia sido cumprida desde o dia 21 de janeiro. "Apresentei cópia dos contracheques dos servidores e uma certidão da secretária adjunta de Administração afirmando que o reajuste estava implantando", disse Josino.

O desembargador acatou o pedido da PGE. "não questiono sobre os diversos documentos agora juntados autos, por parte do Estado, do efetivo cumprimento da decisão judicial que determina a implantação dos ajustes ao conjunto de servidores públicos partes impetrantes. Se é certo, pois, de que os documentos públicos são dotados de fé pública, não menos certo afastar-se do obséquio ao princípio do contraditório, no sentido de ouvir-se a parte contrária a respeito do cumprimento da decisão judicial", escreveu.

Porém, os advogados dos servidores questionam as provas apresentadas pelo procurador-geral. "Eles afirmam que há o contracheque. Mas quem confecciona o documento é o próprio Estado. Tem que ver se o dinheiro será mesmo depositado", disse Manoel Dantas. De acordo com o advogado, a previsão é que o depósito seja efetuado hoje.

O desembargador concedeu um prazo de 48 horas, contados da publicação do despacho, para que os advogados dos secretários se pronunciem sobre o efetivo cumprimento da decisão judicial que determina a concessão de reajuste salarial a servidores públicos estaduais. "Por outro lado, não vejo porque, em obséquio ao princípio da dignidade humana, presunção de inocência, entre outros, de não suspender a eficácia e seu cumprimento dos mandados de prisões", destacou.

terça-feira, janeiro 29, 2013

Justiça bloqueia bens de donos de boate de Santa Maria


Do G1 RS
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Um dos donos da boate Kiss, o empresário Mauro Hoffmann se entrega à polícia e é preso.  (Foto: Emerson Souza/Agência RBS)Um dos donos da boate, Mauro Hoffmann é transferido ao presídio (Foto: Emerson Souza/Agência RBS)
A Justiça aceitou o pedido da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul e bloqueou os bens da empresa que gere a boate Kiss, onde 231 pessoas morreram em um incêndio na madrugada deste domingo (27). Os proprietários do estabelecimento também tiveram os seus bens retidos. O pedido, julgado em caráter de urgência, foi deferido na noite de segunda-feira pelo juiz do fórum de Santa Maria, Afif Simões Neto.

Segundo a Defensoria, a ação tem o objetivo de garantir futuras indenizações a familiares da tragéria ocorrida em Santa Maria.
“O propósito é assegurar o direito das pessoas a terem garantida futura indenização, de modo coletivo e igualitário a todos os familiares das vítimas da tragédia”, disse o defensor público-geral do Estado, Nilton Arnecke Maria, segundo a assessoria de imprensa.

Dois sócios da casa noturna foram presos nesta segunda-feira. Elissandro Spohr, conhecido como Kiko, foi detido em um hospital de Cruz Alta e está sob custódia da polícia. Mauro Hoffmann também teve a prisão temporária decretada pela Justiça por 5 dias e foi encaminhado ao Presídio de Santo Antão, a cerca de 7 km do centro de Santa Maria.
Ainda na manhã de domingo, a Defensoria Pública gaúcha estabeleceu uma força-tarefa para atuar nos assuntos referentes ao incêndio. Segundo o órgão, familiares das vítimas podem receber orientações jurídicas e ter encaminhamento de documentos feito por defensores públicos

28 de janeiro - Parente de três vítimas da tragédia chora sobre caixões durante enterro em Santa Maria

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28 de janeiro - Parente de três vítimas da tragédia chora sobre caixões durante enterro em Santa Maria
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Incêndio e prisões
O incêndio começou por volta das 2h30 de domingo, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico.
Segundo relatos de testemunhas, faíscas de um equipamento conhecido como "sputnik" atingiram a espuma do isolamento acústico, no teto da boate, dando início ao fogo, que se espalhou pelo estabelecimento em poucos minutos.
Quatro foram presos nesta segunda após a tragédia: o dono da boate, Elissandro Calegaro Spohr, o sócio, Mauro Hofffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que fazia um show pirotécnico que teria dado início ao incêndio, segundo informações do delegado Sandro Meinerz, responsável pelo caso.
Em depoimento, Spohr afirmou à Polícia Civil que sabia que o alvará de funcionamento estava vencido, mas que já havia pedido a renovação.
O advogado Mario Cipriani, que representa Mauro Hoffmann, afirmou que o cliente "não participava da administração da Kiss".
Na manhã desta segunda, outros dois integrantes da banda falaram sobre a tragédia. "Da minha parte, eu parei de tocar", disse o guitarrista Rodrigo Lemos Martins, de 32 anos.
Por meio dos seus advogados, a boate Kiss se pronunciou sobre a tragédia, classificando como "uma "fatalidade".
A presidente Dilma Rousseff visitou Santa Maria no domingo e decretou luto oficial de três dias.
O comandante do Corpo de Bombeiros da região central do Rio Grande do Sul, tenente-coronel Moisés da Silva Fuch, disse que o alvará de funcionamento da boate estava vencido desde agosto do ano passado.
Infográfico: tragédia de Santa Maria (Foto: Arte G1)

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